Cultura

”Sertão a Ferro e a Fogo” sobre a saga do nordestino

O POVO traz nesta terça-feira, 12, caderno especial ''Sertão a Ferro e a Fogo'' e, mais uma vez, se debruça sobre a saga da formação do homem nordestino, a partir das marcas de ferrar gado, que está na gênese dos grandes clãs destas bandas do Brasil

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Na carne do boi, animal fundador dos sertões do Ceará, a marca das famílias que primeiro chegaram por aqui, dizimaram os índios e, na marra, foram se apossando das ribeiras de rios e léguas sem-fins. Nesta terça-feira, 12, O POVO apresenta o caderno especial “O Sertão A Ferro e a Fogo”. Uma grande reportagem, em 20 páginas, sobre esses caminhos traçados no território cearense.

A marca de ferrar boi, uma herança avoenga, é o ponto de partida para a costura de narrativas colhidas nos mais de três mil quilômetros percorridos entre os Inhamuns, Cariri, Jaguaribe, Sertão Central, Região Norte e serras pelos repórteres Ana Mary C. Cavalcante, Cláudio Ribeiro, Demitri Túlio, Emerson Maranhão e Iana Soares. A concepção é de Gil Dicelli, editor-executivo de Arte do O POVO, inspirada nas marcas espalhadas por este nosso sertão.

História revistada, discurso de ascendentes dos primeiros que ocuparam os sertões do Ceará e herdaram a marca de família que significou posse, territorialidade e poder. Criadores, vaqueiros e ferreiros. No começo, lá pelos mil setecentos e pouco, o gado que aqui chegou em naus portuguesas era criado sem cerca. Solto nas capoeiras, barbatão ou marruá da caatinga (verde ou cinza).

Daí, os rituais da “apartação”. Grandes eventos em torno de fogueiras e as brasas para fundar uma heráldica rude e sertaneja. Para marcar no terreiro o que era de quem e dar nome aos bois. Se os índios marcavam as pedras pelos caminhos, o colonizador invasor – prenhe tradição ibérica – cunhou sua marca de ferrar rês para misturar o sangue daqui e acolá.

No dizer dos pesquisadores, o Ceará foi colonizado aos poucos e ao contrário, do Interior para a Capital, à força e pela resistência. Era preciso se arranchar onde houvesse um fio d´água que desse de beber aos viventes. Dos rios, traçaram-se léguas e léguas de fazendas de criação de gado. Foi o primeiro desenho de civilização do Interior, desdobrando-se em vilas, distritos, cidades inteiras. E poder, registrado na carne da rês, para sempre.

O Ceará chegou a ter 800 sesmarias, contam estudiosos da colonização. A partir delas, o boi nomeia propriedades e festas e tem valor de ouro e de afeto. Nossa viagem vai também por casas de vaqueiros e oficinas de ferreiros, antigos e novos. E segue adiante, até os atuais mercados de consumo, que atualizam sentido e significado das marcas de ferrar em logotipia tão valorosa quanto a memória que temos de nós mesmos.

Um longa e instigante viagem que o leitor está convidado a acompanhar nestas páginas e ver muito mais no portal O POVO. O especial “O Sertão A Ferro e a Fogo” é uma grande reportagem sobre umas das faces da formação dos sertões do Nordeste, do Ceará. Tem o DNA da investigação jornalística das trilogias “Mares, desertos e chuvas do Sertão”, “Inquisição – No rastro dos amaldiçoados”, “A autoestima cearense”, “Santificados”, “Planeta Seca”, “Peleja da água”, “A transposição do São Francisco”, “Brasil 500 séculos”, “A saga dos Arigós”, e “Os caminhos do Conselheiro”.

Serviço
Caderno: Sertão a Ferro e a Fogo, 20 páginas
Data: 12/8/2014
Portal: Vídeo (Iana Soares), galeria de fotos e conteúdo extra com texto de Eleuda Carvalho

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