Policial

Três pessoas são presas suspeitas das sete mortes em rebelião na PB

Familiares esperam notícias dos internos após tumulto no Lar do Garoto, no Agreste da Paraíba (Foto: Reprodução/TV Paraíba)
Familiares esperam notícias dos internos após tumulto no Lar do Garoto, no Agreste da Paraíba (Foto: Reprodução/TV Paraíba)

Três pessoas foram presas em flagrante suspeitas de serem os responsáveis pelas sete mortes registradas durante uma rebelião no Centro Socioeducativo Lar do Garoto, em Lagoa Seca, no Agreste da Paraíba no sábado (3). Um quarto suspeito está entre os 17 jovens que conseguiram fugir da unidade durante a rebelião.

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Segundo o delegado de homicídios Antônio Lopes, os suspeitos são todos maiores de 18 anos. Os quatro são reeducandos interno no local e completaram a maioridade enquanto já cumpriam pena por homicídio cometido enquanto eram adolescentes. Todos são moradores da cidade de Esperança, também no Agreste da Paraíba, e dois dos que foram presos são irmãos. O suspeito que está entre os fugitivos teria participado apenas do primeiro homicídio.

O delegado diz que a autoria dos crimes foi identificada a partir dos depoimentos de sobreviventes. “Vamos fazer outros levantamentos, não descartamos a participação de outras pessoas, mas as testemunhas que nós ouvimos relataram a participação destes quatro”, diz. Segundo ele, os suspeitos presos negam o crime, mas “as testemunhas foram bastante seguras e deram detalhes de como tudo aconteceu”. Algumas delas, inclusive, foram feitas reféns e também foram agredidas.

Segundo a polícia, a fuga em massa aconteceu por volta das 2h30. Em seguida, grupos rivais iniciaram uma briga dentro da unidade. Os internos atearam fogo em colchões e móveis. Cinco dos sete jovens mortos foram carbonizados ao ficarem presos dentro de celas incendiadas. Eles estavam uma cela exclusiva para quem está de forma provisória na unidade, aguardando definição nda Justiça. Os outros dois jovens começaram a ser agredidos dentro das celas onde estavam e foram levados para o pátio da instituição, onde foram mortos.

Suspeitos priorizaram homicídios

A delegada Ellen Maria, que também participa das investigações, diz que os indícios apontam que o grupo teve a oportunidade de fugir, mas priorizou matar os ‘desafetos’, calculando que daria tempo sair da unidade depois. “Só que não deu tempo porque a polícia chegou no local e evitou uma fuga maior”, avalia. Segundo ela, depois dos crimes e sem ter como fugir, ele permaneceram no quarto, que estava com o cadeado quebrado, “como se nada tivesse acontecido”.

O grupo preso tinha rixa com as vítimas e os principais alvos eram os dois jovens mortos no pátio da instituição. A delegada conta que os suspeitos entraram primeiro na cela 5, onde outros cinco jovens morreram carbonizados depois, à procura de um dos jovens que estavam lá. “Havia um boato de que ele tinha roubado a casa de um dos suspeitos”, exlica Ellen.

Outro dos ‘desafetos’ dos suspeitos conseguiu sobreviver. Ele se escondeu no refeitório da unidade, foi encontrado pelos agressores, espancado, mas resistiu ao ferimentos porque fingiu que já estava morto. O jovem foi levado para o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, onde passou por cirurgia.

Homicídio triplamente qualificado

Segundo o delgado Antônio Lopes, os presos devem ser indiciados por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, de forma que dificultou defesa das vítimas e por morte cruel. Eles devem passar por audiência do custódia na segunda-feira (5).

Por terem cometido esses crimes já com mais 18 anos e sendo autuados em flagrante, a justiça determinou que eles fossem encaminhados para o presídio Raymundo Asfora (Serrotão), em Campina Grande. Na decisão também foi considerado o alto risco de levarem eles de volta ao Lar do Garoto.

A apuração das causas da rebelião em si deve ser feita, segundo a delegada, pela delegacia de Lagoa Seca em parceria com a equipe do Lar do Garoto. Com isso, os já presos podem ser indicados também por outros crimes relacionados aos danos ao patrimônio público.

Delegados explicaram como foi investigação das mortes no Lar do Garoto, em Lagoa Seca, na Paraíba (Foto: Artur Lira/G1)
Delegados explicaram como foi investigação das mortes no Lar do Garoto, em Lagoa Seca, na Paraíba (Foto: Artur Lira/G1)

G1 PB

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