Política

Alianças podem não se repetir na Paraíba

Prioridade das eleições do próximo ano, a eleição para a Presidência da República pode não ditar a regra das alianças que serão firmadas também nos estados. Na Paraíba, legendas aliadas nacionalmente podem ser adversárias na disputa pelo governo do Estado, não só na cabeça de chapa, mas dentro dos arcos de alianças que não seguem o que rege o agrupamento nacional. A ciranda política do PSDB que apoia o PSB, que apoia o PT, que apoia PMDB, que no momento está junto com o PT, deverá ser dançada diferente pelos políticos em cada local.

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Enquanto a maioria das legendas afirma que ainda é cedo para se discutir as eleições de 2014, as articulações já começaram a ser feitas e grupos se formam para barganhar espaço e ganhar notoriedade para a nova disputa. O grupo formado pelo governador Ricardo Coutinho espera manter a aliança que o elegeu em 2010, o PMDB já indica como pré-candidato o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego e um terceiro grupo surgido após a vitória do PT em João Pessoa, que inclui o PP e PSC, surge com a pretensão de também lançar uma candidatura própria.

Já nacionalmente, a presidente Dilma Rousseff (PT), eleita em 2010 através de uma coalizão de dez partidos, também tenta manter este mesmo grupo ao redor de sua estrela para garantir, com folga, a vitória. O calo para o PT, desta vez, não se traduz nem mesmo no tradicional adversário: o PSDB. Com a pré-candidatura do tucano Aécio Neves posta, Dilma tenta mesmo é garantir que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não saia da aliança e se lance como candidato.

Neste cenário, a base de Dilma Rousseff poderá se dividir em três candidaturas na Paraíba: o PT com um candidato ainda indefinido; o PSB, com Ricardo Coutinho; e Veneziano, pelo PMDB. Ricardo, que é da base de Dilma, se alia na Paraíba, com o PSDB de Cássio Cunha Lima, que nacionalmente é adversário político do PT. O difícil será desatar este emaranhado que terá que ser resolvido pelos partidos que buscarão como separar a política nacional da estadual para garantir o êxito nas eleições.

Rodrigo Soares

O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Rodrigo Soares, afirmou que a presidência da República continuará sendo a prioridade da legenda nas eleições de 2014, mas dá a dica de como fazer a candidatura à reeleição de Dilma crescer ainda mais no Estado: com uma candidatura própria ao governo.

“A eleição estadual é maior que a municipal, assim como a nacional é maior que a estadual. A nossa prioridade é buscar o trabalho com os partidos da base. Hoje nós temos 10. Evidentemente que também temos que ter uma caminhada própria e o nosso projeto é nacional, é a reeleição da presidente Dilma Rousseff. E o melhor caminho para isso na Paraíba, para elegê-la, é também termos candidatura para governador, colocar os projetos do PT e buscar construir uma candidatura”, afirmou.

Segundo ele, o Partido dos Trabalhadores deve buscar fazer na Paraíba o que já vem sendo feito de forma mais global pelo PT no país desde a eleição de Lula. “O PT é um partido nacional. Temos como prioridade o projeto de transformação do Brasil desde a sua fundação, há 33 anos em uma ação política na sociedade para inverter a lógica de concentração de renda nas mãos de pouco e desigualdade social. O PT governa o Brasil há 10 anos e estamos fazendo uma grande transformação, colocamos o país em outro patamar e percebemos que a população está ascendendo socialmente”, afirmou.

A dificuldade para isso, segundo ele, seria conseguir montar a mesma base que Dilma tem nacionalmente para uma candidatura petista e, por isso, reconhece que a realidade local é outra. “Temos dez partidos na base nacional do PT, mas reunir os 10 no mesmo palanque também nos estados é muito raro. É normal que se tenham composições diferenciadas nos estados. O PT está se articulando com o PP e PSC e vai apresentar os melhores quadros para ver como será, mas não sei se será necessariamente um candidato petista que sairá desta coligação”, afirmou.

Dificuldades com o PSB

Parte das dificuldades da para a montagem da mesma base de Dilma, Rodrigo Soares credita ao PSB do governador Ricardo Coutinho. “Desde 2010, o PSB priorizou o DEM e o PSDB aqui na Paraíba. E estes dois partidos são os que montam palanque contra o PT. Isso dificulta uma aliança da mesma forma que ocorre na nacional, onde eles são adversários. Então, não tem porque o PT estar articulando com o PSB”, declarou.

Mas além disso, ele também afirma que tem a questão do PMDB que também luta para retomar o protagonismo no Estado, desta vez com a eleição de Veneziano. “O nosso bloco já está formado mas nada impede que se estenda ao PMDB também. Acredito que estaremos juntos se o entendimento for o do nosso candidato, porque defendo que estejamos na cabeça de chapa. O PMDB pode estar também, pois vamos procurar todos os aliados da base de Dilma, mas defendemos a candidatura própria”, disse.

Segundo explicou Rodrigo, os partidos coligados irão discutir entre os nomes apresentados por todos qual o mais viável, embora prefira que seja o de um petista. Neste caso, ele afirma que um dos nomes seria o do ex-prefeito da Capital, Luciano Agra, desde que ele se filie à legenda.

Realidade nacional não interfere

O vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia (PSD) afirmou que a realidade nacional das legendas não terá uma interferência tão marcante na formação das alianças entre os partidos na Paraíba. Segundo ele, é natural que aliados nacionais se tornem adversários num mesmo ano, quando se trata de eleição nacional e estadual.

O presidente nacional do Partido Social Democrata, Gilberto Kassab já afirmou que não vai aderir oficialmente à base de apoio do governo de Dilma Rousseff (PT) até 2014. Segundo ele, a legenda, que não é de esquerda e nem de direita, só terá algum correligionário ocupando algum ministério se for por indicação pessoal da presidente, sem comprometimento partidário.

Assim, sem uma definição nacional, Rômulo Gouveia afirma que já recebeu total liberdade de Kassab, para firmar as alianças que o diretório estadual achar que devem ser feitas, sem nenhuma relação com o que pode ser projetado par ao partido no país.

“Não temos definição ainda da nacional e já conversei com o presidente da legenda para saber como ele pretende se posicionar e disse que ainda está cedo para isso. Inclusive membros do PSD já foram convidados para participar do governo de Dilma e não aceitaram”, disse.

Rômulo Gouveia lembrou a situação vivenciada pelo atual governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) nas eleições de 2010, como exemplo da pouca interferência nacional nas eleições locais.

“Não tem nada a ver. Ricardo Coutinho apoiou o PT de Dilma para a presidência e aqui no Estado não teve o apoio da maioria dos petistas, que se coligaram com o PMDB”, afirmou.

A autonomia para decidir, como presidente da estadual, o que o partido irá fazer na Paraíba, Rômulo Gouveia já disse que tem. Não só isso, ele afirma que também já sabe como será: “Vamos repetir a aliança vitoriosa de 2010 com a candidatura à reeleição de Ricardo Coutinho, enquanto que nacionalmente iremos apoiar algum outro candidato, ser termos candidatura própria”, disse.

Correio da Paraíba

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