Candidatos: promessas e ilusões

Júlio César Rolim (colunista)

Não sei se sou eu que não entendi nada sobre os papeis dos agentes políticos eleitos ou se são alguns candidatos nestas eleições que não têm a menor ideia das prerrogativas do cargo para o qual concorrem. Ou, pior, usam de má fé para iludir os eleitores acerca de como pretendem desempenhar suas atividades no exercício das funções que por ventura venham a ser escolhidos.

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Nas propagandas eleitorais, sejam na televisão, rádio, internet ou qualquer outro meio, é comum os políticos aparecerem sorrindo, prometendo suprir os anseios da população, sempre há soluções, mesmo que os mais atentos percebam falta de lógica nos discursos salvadores. Políticos veteranos, experimentados há anos (profissionais), outros, com menos experiência, mas, já detentores de mandatos ou ao menos com histórico eleitoral, mesmo tendo derrota nas urnas, até aqueles que disputam seu primeiro pleito, muitos deles, independentemente do tempo de vida pública, tendem a seguir a velha fórmula de vomitar promessas, mostrar saídas, remediar as doenças sociais tão presentes na vida dos cidadãos, entretanto, poucos, muito poucos, conseguem apresentar os caminhos ou meios para se chegar ao paraíso prometido.

Ora, vivemos em uma democracia representativa (mesmo que o atual sistema político favoreça os grandes em detrimentos dos pequenos e desconhecidos candidatos), a magna estabelece “todo poder emana do povo”, e assim, os eleitores, na esperança de encontrar o espelho de suas ideias, passam procurações aos agentes políticos para conduzirem os destinos de muitos, seja na administração dos bens e recursos públicos, quanto na elaboração da legislação que rege, protege ou prejudica as pessoas.

Diante disso, fico preocupado com o que tenho visto e ouvido nas propagadas e discursos eleitorais. As juras feitas são proferidas com o único objetivo de agradar aos ouvidos, não importando se são realizáveis. O que considero pior é o fato de que alguns pretendentes aos mandatos não sabem, ou preferem não saber, quais são as prerrogativas inerentes aos cargos pleiteados. O horário eleitoral gratuito está recheado de candidatos ao parlamento se comprometendo a fazer coisas exclusivas do poder executivo. É tanto deputado prometendo erguer hospital, reformar escola; aspirante a senador, com dedo indicador levantado e olhos brilhando, planejando construir estrada. A função primordial do congresso (em consequência, de seus membros) é legislar, deputado não executa obras, senador não constrói, não administra recursos. As promessas feitas entre sorrisos, quando neste aspecto, denotam dois riscos: ou os candidatos não têm a menor noção das atribuições dos cargos em disputa ou estão deliberadamente tentando ludibriar o povo, em qualquer um dos casos a situação é preocupante. A outra face da moeda é igualmente verdadeira, nos palanques também existem os almejantes ao executivo que, preocupados em proferir discursos marcantes, enfatizam suas metas de governo, todavia, semelhantes aos primeiros citados, acabam por se perder nos “projetos”, comprometendo-se a invadir a ceara do legislativo. Na busca alucinada por voto, vale tudo na oratória: prometer o céu ou o inferno (dependendo do pedido), garantir o impossível, modificar a matemática, esquecer a sociologia, dar de ombros para as regras da administração pública.

É necessário que se analise, escute e reflita as falas e ações (inclusive antes do período de campanha) dos pretendentes ao exercício de mandatos eletivos. Qualquer político que tenha em suas propostas pretensões que ultrapassam os limites do cargo almejado, não merece confiança. Como dito acima: ou não conhece as atribuições que aspira exercer ou planejam iludir o eleitor.

Júlio César Rolim