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Escritor da PB lança último livro da saga do cangaceiro que viu Lampião morrer

Imagem divulgação

Após percorrer os Sertões, os Cariris Novos e Velhos nos Estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Piauí , buscar apoio dos coronéis, e enfrentar a polícia, a saga do cangaceiro que assistiu a morte de Virgulino Ferreira o Lampião, chegou ao fim. O último livro da trilogia “Pedro Jeremias nos Cariris Novos” do autor paraibano Efigênio Moura, acaba de ser lançado.

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O autor no entanto, reservou uma surpresa para o final e de forma misteriosa deixou uma interrogação sobre o fim do cangaceiro que sucedeu Lampião. O leitor que chegar no último capítulo do livro, vai se surpreender com o desfecho da história. O último livro da saga é marcada por elementos históricos e fictícios. O autor se apropriou de pesquisas de historiadores e aproveitar a vida de Pedro Jeremias para contar o surgimento de importantes cidades da Paraíba. O livro traz uma Cajazeiras que se mistura com a de Ivan Bichara, nos permitindo viver naquele passado como se fosse agora.

Ao PB Agora, o escritor Efigênio Moura relatou que esse último livro da saga, traz elementos importantes da história nordestina. Pedro Jeremias e todos os personagens continuam a sua odisseia nas serras da região, principalmente na zona rural. Nesse contexto, vários sítios e fazendas são citados ao longo da obra.

O autor reservou para esse terceiro livros, aspectos culturais, como a poesia de São José do Egito, em Pernambuco, destacando poetas como Lourival Batista, Pinto de Monteiro ( natural de Monteiro-PB), transferindo os personagens para o ano de 1938. Parte da trama se passa em Serrinha, distrito de São José do Egito, onde existem as melhores cantorias da região.

O autor destaca no livro, alguns costumes e a religiosidade nordestina, e apresenta a situação dos coronéis. Como escritor e pesquisador, Efigênio lembrou que na época, os coronéis utilizavam o cangaço em benefício próprio. Com o decorrer da trama, Pedro Jeremias e o bando avançam pelas terras paraibanas com apoio dos coronéis, como a localidade de Misericórdia, que hoje é Itaporanga no Sertão do Estado. Efigênio também entra na saga de Antônio Conselheiro e apresenta os últimos dias da guerra travada pelo personagem central de “Os Sertões”.

Com uma trama recheada de elementos históricos e culturais, Efigênio Moura, traz a tona a história da Polícia Militar da Paraíba, contada a partir dos relatos do capitão e coronel João Batista, com destaques para a criação das companhias de Patos e Campina Grande. Enveredando pela vida de personagens religiosos, Efigênio conta a história do Beato Zé Lourenço , o último dia do padre Cícero e o sentimento que havia em Juazeiro do Norte. Paralelo, o livro traz a vida de Pedro Jeremias, cujo final foi surpreendente.

Efigênio aproveitou o enredo para mostrar como os coronéis usavam os cangaceiros em favor próprio, beneficiando-se da lei do bacamarte e do fuzil. O livro será lançado no primeiro semestre de 2020.

A história se passa entre Misericórdia, hoje Itaporanga, e Piancó, no Sertão da Paraíba. Naquela região, aconteceu o célebre ataque ao bando de Lampião. Nessa fase, a presença da Polícia Militar é mais forte, dentro dos combates com os cangaceiros, trazendo os resquícios de 1930 na Guerra de Princesa.

Nos embates de Pedro Jeremias com a polícia, o autor transporta o personagem principal para as terras do Ceará. Nesse novo solo, ele relata a vida dos beatos e romeiros e o sentimento de Juazeiro e dos Romeiros, pós morte de padre Cícero.

Nesse terceiro livro, Efigênio mostra o sentimento dos nordestinos pós Lampião que culminou com o fim do cangaço em 1940 com Corisco. O último livro fala de ambientes históricos como as guerras de Canudos e do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, relata o luto do dia da morte de padre Cicero, traz respingos da Guerra de 30 em Princesa Isabel, mostra como a política se utilizava do cangaço e a força da policia Militar da Paraíba no combate ao banditismo. Editado pelo Leve, o livro contará com quase 400 páginas. O autor mostra os modos operantes da polícia na época, muitas vezes iguais ou piores do que as ações violentas dos cangaceiros.

No primeiro livro “Pedro Jeremias”, ambientado em 1938, começa no lado alagoano do Rio são Francisco ( Fazenda Emendadas), quase defronte a Grota de Angicos, no Sertão sergipano, e começa a partir da morte de Lampião.

No primeiro livro “Pedro Jeremias”, o cangaceiro percorre os sertões de Alagoas e Pernambuco e encerra-se em Alagoa de Baixo, atual Sertânia, região do Moxotó. “Pedro Jeremias” tem sangue, a coragem e as indumentárias de cangaceiro. Em sua trajetória, se tornou um dos cangaceiros mais fiéis a Virgulino Ferreira. A obra mistura ficção e realidade numa linguagem tipicamente da região e riqueza cultural inestimável. Pedro Jeremias teria chegado atrasado a uma reunião marcada por Lampião com os seus subchefes, José Sereno, Labareda e Corisco, e apenas ouvido os estopidos que dizimaram o bando.

O livro é uma cachoeira de datas, de momentos que marcaram a saga do cangaço na região no século passado. Fatos históricos enriquecem o enredo, como a criação do primeiro campo de concentração do mundo, em Fortaleza em 1915; a Quebra de Xangó em Maceió em 1912 entre outros eventos.

No 2º Livro, “Pedro Jeremias dentro dos Cariris Velhos”, a Saga continua. O segundo livro da trilogia, editado pela editora de Campina Grande, Leve Editora, foi ambientado em Monteiro de 38 e cercanias, terra natal do autor. Começa com o cerco da política na casa de Isabel Torquato na tentativa de prender Maria de Jesus. O bando inicialmente formado por 4 cangaceiros, foi refeito nesse novo livro, devido ao aumento do cerco policial. A história encerra com a perseguição das volantes em torno do bando e mais uma escapatória do cangaceiro.
A trilogia tem mais mil páginas escritas, fruto de mais de 5 anos de pesquisas e quase 50 fontes consultadas. 5 estados do Nordeste envolvidos, estudados e andados, mais de 30 cidades, passou de 70 personagens, entre protagonistas e secundários, uma obre imensa como imensa é a história do Nordeste.

Natural do Cariri paraibano, Efigênio Moura tem a verve do povo nordestino e se aproveita de sua terra para extrair a riqueza do lugar e dá vida a seus personagens. Em sua obra ele busca valorizar o regional e as coisas do Cariri paraibano, numa linguagem típica da região.

O escritor romancista é autor de oito livros, lançados a partir de 2009, e que têm como cenário a Paraíba, sendo esses “Eita Gota! Uma viagem paraibana”, “Ciço de Luzia”, “Santana do Congo”, “Caderneta de Fiado” que está esgotado, “Apurado de Contos” e Pedro Jeremias ( trilogia). O livro Ciço de Luzia teve tradução para o inglês publicado em 2019..

Severino Lopes
PB Agora

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