Política

Haddad na PB: ‘Não adianta intimidar as universidades públicas’

Ato de campanha de Fernando Haddad em João Pessoa na manhã desta sexta-feira (26) — Foto: André Resende/G1
Ato de campanha de Fernando Haddad em João Pessoa na manhã desta sexta-feira (26) — Foto: André Resende/G1

O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (26) em entrevista à Rádio Globo de Mato Grosso do Sul (MS) que, se eleito, vai fortalecer o controle de fronteira do Brasil com outros países, com a Polícia Federal (PF) e sistemas de inteligência. O estado de MS faz fronteira com dois países: Paraguai e Bolívia.

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Haddad disse que vai terminar e entregar o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) até 2025, além de dobrar o efetivo da Polícia Federal e equipar a corporação com sistemas de inteligência para controle das fronteiras e combate ao crime organizado.

“Nossa proposta é inteligência, é dobrar o efetivo da Polícia Federal e fazer a Polícia Federal assumir certas reponsabilidades que hoje não são dela. A questão de fronteira precisa ser fortalecida com a Polícia Federal”, disse.

O candidato citou os prejuízos gerados pelo contrabando para os estados que têm divisas com outros países, como é o caso de Mato Grosso do Sul. “Quando o contrabando passa, o estado deixa de arrecadar e traz um enorme prejuízo”, afirmou.

Agronegócio

Questionado sobre os conflitos frequentes no estado envolvendo fazendeiros, indígenas e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Haddad disse que fará pressão sobre o agronegócio que não produz e defendeu punição para especuladores de terra.

“Existe um agronegócio que não produz, que especula a terra, que tem baixíssima produtividade para escapar da lei de desapropriação. O que nós vamos fazer? Vamos colocar pressão sobre o agronegócio que não produz porque, se a gente fizer isso, essa produtividade vai aumentar e o conflito na terra vai sumir”, afirmou.

Segundo o candidato, a baixa produtividade e a grilagem de terras causam conflitos e disputas no campo. “Porque o grande conflito de terra que existe hoje no Brasil é por causa da baixa produtividade de uma parte desse setor que, ao invés de querer produzir mais com menos terra, quer produzir mais, desmatando e grilando terra, e a grilagem que é a fonte de toda a violência. É isso que tem que acabar no Brasil e para isso a nossa proposta já prevê punição para aqueles especuladores de terra”, concluiu.

Haddad afirmou ainda que é possível elevar a produtividade sem aumentar o desmatamento. “Nós não precisamos derrubar mata para aumentar a produção. Basta aumentar a produtividade da terra já desmatada”, disse.

Nesta semana, o adversário de Haddad neste segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL), recebeu representantes do agronegócio e demandas de grandes produtores. O grupo foi até Bolsonaro defender a segurança jurídica para o setor produtivo, o direito à propriedade e discutir a união dos ministérios da Agricultura com o do Meio Ambiente, proposta que Bolsonaro começou a rever.

Segundo Bolsonaro, os produtores querem “segurança jurídica para terra”. O candidato criticou a demarcação de terras indígenas e invasões de fazendas. Segundo Bolsonaro, os produtores também não querem mais o “fantasma da indústria da multa”.

“Eles querem uma segurança jurídica para sua terra. Você não pode acordar hoje e de repente tomar conhecimento no jornal que a sua fazenda vai ser demarcada como terra indígena. Você não pode ter sua fazenda invadida e de repente você entra com uma ação de integração de posse e, de acordo com lado ideológico daquele governador, ele não cumpre a reintegração de posse”, afirmou.

Reforma bancária

Haddad voltou a falar que, se eleito, vai promover uma reforma bancária. Também reiterou que pretende diminuir impostos e aumentar a renda do trabalhador.

“Nós vamos fazer uma grande reforma bancária. Eu diria para você que é a principal ação do meu plano de governo. É uma grande reforma bancária porque os bancos espoliam, prejudicam a população – tanto o consumidor quando quer fazer um crediário, quanto o empresário que quer instalar uma nova fábrica, uma nova indústria ou um novo comércio – porque os juros extorsivos, são impraticáveis”, afirmou.

Ainda na manhã desta sexta, Haddad concedeu entrevista à Rádio Super de Minas Gerais. Ele prometeu diminuir o preço do gás de cozinha.

“O gás de cozinha é um item da Petrobras que representa 4% do faturamento da Petrobras. Ou seja, o gás de cozinha é um item irrisório, pequeno dentro da Petrobras. Nós podemos, sim, remanejando os preços internos da Petrobras, garantir que o botijão de gás chegue barato à dona de casa. Nós temos que respeitar quem não tem dinheiro pra quem não tem R$ 80 para pagar o gás. Agora, R$ 49 a pessoa tem”, afirmou.

Caminhada

Na manhã desta sexta, Fernando Haddad viajou a João Pessoa (PB), onde participou de uma caminhada pelo Centro. O ato de campanha terminou na praça conhecida popularmente como Ponto de Cem de Réis, onde o candidato do PT discursou ao lado do atual governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), e do governador eleito, João Azevedo (PSB).

Do alto do trio, Haddad chamou as ações da Justiça Eleitoral nas universidades públicas de intimidação. “Quero dizer para ele [Bolsonaro] que não adianta intimidar as universidades públicas, não adianta invadir os bancos universitários, nós não vamos nos calar, a educação não vai se calar, as professoras e professores desse país não vão se calar até ele ser derrotado e tudo o que ele representa. Esse frouxo, soldadinho de araque”, declarou.

À tarde, o petista seguiu para Salvador, onde cumpriria agenda de campanha.

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Por G1 e Jornal Hoje — Brasília

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