Paraíba

Radiação ultravioleta atinge nível extremo no Alto Sertão

Com a aproximação do verão, a movimentação nas praias aumenta e o desejo da maioria dos banhistas é colocar o bronze em dia. Mas o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cpetec) alertou para os altos níveis de radiação na Paraíba, que já atinge 14 pontos na escala de Índice Ultravioleta (IUV), considerado extremo. Aliado à exposição solar sem a proteção necessária, dermatologistas alertam para a ocorrência do câncer de pele, que neste ano já matou 66 paraibanos de janeiro a setembro, segundo o Sistema de Mortalidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

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O IUV é uma medida da intensidade da radiação UV, relevante aos efeitos sobre a pele humana, incidente sobre a superfície da Terra. O IUV representa o valor máximo diário da radiação ultravioleta. Conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde, os valores de radiação são agrupados em categorias de intensidades, onde o índice menor que 2 é considerado baixo, de 3 a 5, moderado e de 6 a 7, alto. Já a variação entre 8 e 10 representa o índice muito alto, e maior que 10, extremo.

De acordo com o Cpetec, a radiação é considerada extrema em todo o Estado, já que o Litoral registra o nível 13, alcançando 14 nas demais Regiões da Paraíba, como Agreste, Curimataú, Sertão e Alto Sertão.

O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Ednaldo Correia, explicou que número representado para medir o índice UV é registrado no horário do meio-dia, quando há a máxima intensidade de radiação solar, que alcança os níveis mais fortes à medida que diminui a nebulosidade no céu. “Isso porque como a cobertura de nuvens é algo muito dinâmico e variável, o IUV é sempre apresentado para uma condição de céu claro. Quando há pouca nebulosidade ocorre mais radiação, que é ainda mais prejudicial e precisa redobrar os cuidados de proteção”, afirmou.

A preocupação é que para muitas pessoas, é difícil resistir a um dia de céu claro e sol forte, quando a melhor opção de lazer é a praia, como relatou a vendedora Joseane Gomes, 41 anos. Ela disse que usa protetor solar no rosto e não abre mão do chapéu, mas quando se trata do corpo, ela abusa do bronzeador. “Sei que a radiação está alta, dá pra perceber porque no início da manhã o sol já está bem forte. Eu tomo alguns cuidados, mesmo usando o bronzeador. Nunca fico exposta ao sol depois das 10h”, declarou.

Já a estudante Joyce Hellen, 18 anos, não demonstrou nenhuma preocupação com o excesso de sol que frequentemente se expõe. Para ela, o que vale é garantir a ‘marquinha’ do biquíni. “Não me preocupo com isso. Gosto de ficar ao sol para garantir o bronze”, disse.

ESPECIALISTA ALERTA PARA O RISCO DE CÂNCER
Mas segundo especialistas, um despretensioso bronzeamento de horas exposta ao sol pode acarretar sérios danos à pele, principalmente o câncer.

Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), até o final deste ano, será registrado na Paraíba 2.070 novos casos de câncer de pele não melanoma, o de maior incidência e mais baixa mortalidade, pois apresenta altos percentuais de cura, se for detectado precocemente. Destes, 280 casos serão em João Pessoa.

A dermatologista Luciana Rabelo observou que o descuido da população somando ao aumento da temperatura e da maior incidência dos raios ultravioletas torna-se um dos principais motivadores dos casos de câncer de pele.

“Não há outra prevenção, que não seja a proteção. Tem que usar óculos de sol com proteção UVB, protetor solar, de acordo com cada tipo de pele e específicos para bebês e crianças, repondo-o a cada duas horas se estiver na praia, piscinas e outros ambientes recreativos. Após sair da água, é preciso secar a pele e repetir a aplicação”, orientou.

SECRETARIAS
O Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que trabalha o câncer de pele como fator de risco, através da prevenção, que acontece com a capacitação dos profissionais da saúde dos municípios, além de ações em datas pontuais e comemorativas, além de articular com as gerências regionais de saúde para atuar em parceria com os municípios na prevenção da doença, inclusive ressaltando os riscos da exposição excessiva ao sol.

Já a Secretaria Municipal de Saúde disse que os postos do Programa de Saúde da Família (PSF) estão habilitados para oferecer assistência básica à população com sinais suspeitos da doença, com encaminhamentos de consulta com um dermatologista, quando necessário.

Jaine Alves
Do Jornal da Paraíba

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