A seca que atinge o interior do Ceará completa dois anos e atinge 178 das 184 cidades do estado, 96% do total. Os açudes do Ceará armazenam menos de 40% do total, o mais baixo índice desde que a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos passou a monitorar a situação dos reservatórios de água. Em muitas cidades, o chamado carro-pipa é solução para evitar o colapso.
No Ceará, mais de 20 municípios correm o risco de fechar o ano sem nenhuma fonte de água para beber. O abastecimento de emergência vem em caminhões-pipa que chegam de outros estados.
Na última reserva d’água de Parambu, sertão dos Inhamuns, no Ceará, a seca prolongada deixou o açude com apenas 2% da capacidade.
"Condição de colapso mesmo. Estamos com 42 carros-pipa trazendo água do Piauí a 70 km daqui", diz o secretário de recursos hídricos de Parambu, Paulo Siqueira Tenorio. O socorro vem de um poço, no Piauí, que tem água porque não depende da chuva.
Segundo a Secretaria do Desenvolvimento Agrário, mais de 100 mil cabeças de gado morreram em todo o estado em decorrência da estiagem nos últimos 12 meses. O agricultor Elias, de Chorozinho, perdeu metade do rebanho. Outros cinco bovinos sobrevivem se alimentando de capim seco. “Os pastos não tem, é só mato seco, dessa forma aí que vocês estão vendo, mas é ter fé em Deus e vê se daqui para dezembro melhora, tem uma chuva; se não for, misericórdia”, lamenta.
A pouca reserva de água é de baixa qualidade, não recomendada para o consumo. “[A água] é para lavar roupa, tomar banho, só, não cozinho com ela não”, diz a agricultora Maria Valdirene. Ela caminha quilômetros para obter uma reserva de três dias de água.
Também falta uma rede de tratamento que possa levar água potável à residência dos moradores. “Vamos contemplar [a população] com uma adutora, que vai sair do açude de Pacajus e vai abastecer toda a sede e os distritos do município. Essa adutora custa cerca de R$ 26,5 milhões, já foi feito o pedido”, explica Alexandre Alencar, coordenador de Defesa Civil de Chorozinho.
G1