Paraíba

Docentes em greve podem ter ponto cortado no Estado

A greve dos professores da rede estadual de ensino começou tensa. No primeiro dia de paralisação, com 70% dos 30 mil trabalhadores em educação do Estado de braços cruzados, o secretário de Educação, Afonso Scocuglia, ameaçou cortar o ponto de quem aderir à greve e demitir os servidores pró-tempore. Do outro lado, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (Sintep), reagiu e disse que se houver demissão e corte de ponto o Estado descumpre um acordo feito pelo Ministério Público Estadual.

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Mais de 400 mil alunos ficarão sem aulas por tempo indeterminado. O Sintep/PB estima que apenas os profissionais contratados em regime temporário (cerca de seis mil) ainda não tenham aderido à greve, panorama que, segundo o Sintep, deve mudar até o final da semana quando o movimento deverá atingir 100% de adesão. Nas escolas, os poucos alunos que não sabiam da greve se recusaram a assistir aulas ministradas apenas pelos trabalhadores temporários.

Em diversas escolas estaduais, apenas funcionários e professores contratados sob o regime temporário compareceram para o expediente. Poucos alunos também se arriscaram em ir às aulas e os que compareceram prefeririam não assistir as poucas aulas que seriam oferecidas. "Os professores efetivos estão paralisados, mas alguns temporários compareceram. Fiz um pequena reunião com os poucos alunos que compareceram aqui, mas eles acharam melhor deixar a greve passar para voltar às aulas. Muitos alegam que se sentiriam prejudicados em assistir apenas uma aula, voltar para casa e ter que assistir às aulas extras quando a greve terminar", revela Maria Néria Lopes, diretora da Escola Estadual e Ensino Médio Professor Pedro Augusto Porto Caminha, no bairro de Jaguaribe. A escola possui mais de dois mil alunos e 60% dos cem professores são efetivos.

Na Escola Estadual de Ensino Médio e Fundamental Papa João Paulo VI, em Cruz das Armas, apenas os professores temporários também compareceram. O expediente interno funcionou normalmente, mas as salas de aulas estiveram vazias. "Desde sexta-feira passada que os alunos já estavam sabendo que hoje começaria, então poucos deles apareceram aqui. Estamos aqui trabalhando, mas os professores efetivos não compareceram. Se os alunos tivessem vindo havia ao menos os professores temporário", disse a diretora Elvira Maria dos Nascimento.

Os professores da rede estadual enviaram ontem um comunicado ao Governador Ricardo Coutinho (PSB) informando sobre o início da greve. O texto do documento diz que a atitude da greve foi decorrente do descumprimento da Lei nº 11.738, que estabelece o piso salarial nacional da categoria aprovado e considerado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Já está pré-agendada também uma assembleia geral para o dia 11 de maio, mesma data em que servidores de ensino de todo o país vão realizar o Dia Nacional de Luta Pelo Piso Salarial. A reposição das aulas só será definida com o término da greve. As aulas deverão ser repostas em janeiro ouaos sábados.

O secretário Afonso Scocuglia, argumenta que as finanças do Estado não suportam o aumento salarial solicitado pelos professores.

Reivindicações

A categoria reivindica o pagamento do piso salarial nacional; a nomeação de professores concursados; implantação de Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) para os funcionários de apoio (cerca de oito mil); um reajuste de 13,73%; o pagamento das gratificações dos servidores que não receberam no mês de janeiro e a realização de novos concursos pelo fim dos contratos temporário; eleições diretas em todas as escolas; jornada de trabalho em turno corrido, em vez de dois turnos.

Dentre as propostas do Governo do Estado está o oferecimento de um auxílio desempenho do valor de R$230, além de um auxílio transporte no valor de R$60 para funcionários de apoio. As propostas não foram aceitas e diante do impasse a greve foi deflagrada.

Jornal O Norte

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